Arquivo de Janeiro, 2010

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_06_msr_08 apresentado…

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finalmente; chega esta quinta feira ao fim a aventura de um projecto que ocupou cinco de nós durante dois anos a fotografar o renascimento do Museu de São Roque acrescido de mais um a editar as fotografias e a desenhar e produzir o livro que agora é apresentado.

De uma pequena selecção de fotografias nasceu também uma exposição a que foi dada a possibilidade de conviver com o espaço interior do museu.

Se puderem, apareçam.

texto do catálogo:

Sair, começar, construir, restaurar, acabar; povoar

MSR_06_08 parte de uma selecção de um vasto conjunto de fotografias produzidas no âmbito de um projecto homónimo levado a cabo por 5 fotógrafos da Equivalentes – Associação Cultural e que teve por objecto o acompanhamento das obras de renovação do Museu de São Roque, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, um projecto que se desenrolou ao longo de dois anos e alguns milhares de fotografias. Do retirar das obras de arte à sua recolocação, Domingos Caldeira, Francisco Feio, Luísa de Sousa, Miguel Saavedra e Luís Carvalhal acompanharam o processo que conduziu ao magnífico espaço que é hoje o Museu de São Roque.

MSR_06_08 não foi construído segundo uma lógica documental, antes numa abordagem pessoal que permitisse a cada um desenvolver uma linha de raciocínio e de olhar próprios sem qualquer tipo de programa previamente traçado. O valor documental que na realidade emerge do projecto tem apenas a ver com as características próprias da fotografia e a capacidade desta se constituir como documento e não com uma escolha, o que teria tornado este objecto que agora se apresenta em algo completamente diferente.

Tal metodologia corria o risco de tornar cada conjunto de imagens num projecto próprio, estanque e de difícil interligação entre os vários autores (para além do problema da saturação que provinha do facto de estarem todos a fotografar num espaço confinado cuja dimensão não permitiria uma grande divisão de trabalho – e quanto a este ponto, não só nunca se cruzaram todos dentro do espaço do museu como houve momentos e fases dos trabalhos que foram fotografados apenas por uma pessoa, por exemplo). Cada um foi desenvolvendo o seu trabalho, construindo a sua lógica e olhar durante o longo período de tempo em que o projecto decorreu. No final, quando se avaliaram os resultados, percebeu-se que esse risco estava fora de causa, ao que tinham ajudado as conversas e reflexões que se iam fazendo. O problema agora era outro: quais os critérios de selecção de um número tão vasto de imagens e qual o rumo que essa selecção tomaria em termos de organização num corpo de fotografias de autor e que fizesse sentido.

A abordagem utilizada passou por uma primeira fase em que a escolha das imagens foi estritamente individual com cada um a seleccionar o núcleo fundamental do seu trabalho sendo o passo seguinte a lógica de organização destes núcleos pessoais. Aí foi deliberadamente abandonada uma linha de pensamento no sentido da simples cronologia da obra, que à partida seria a mais evidente num projecto desta natureza. Mas foi descartada, enquanto princípio, não só porque este projecto não tinha uma natureza documental, onde a linearidade temporal tem um sentido próprio mas sobretudo porque as fotografias sugeriam uma organização em camadas de sentido que muitas vezes se sobrepunham, temporalmente, contrariando a própria ideia de cronologia. Entre cronologia e sentido, nasceram 6 grupos de fotografias, relacionados em unidades temporais que atravessam o decorrer da obra mas sem qualquer linearidade interna em que a lógica de organização de cada grupo é ditada pelas próprias fotografias que o compõem. Daí também a opção de paginação que acolhe a diversidade das abordagens pessoais, com as fotografias a estabelecerem diálogos não só entre si como entre autores diferentes, dos dípticos, trípticos e polípticos individuais, ao contraste ou complementaridade entre duas abordagens ou ainda aos momentos de atenção centrados apenas numa única fotografia e que funcionam como ancoramento do núcleo. Esta diversidade estendeu-se também à questão dos formatos, decididos em função quer das imagens em si quer da situação de relação em que se encontram ou ainda da sequência de leitura do projecto como um todo.

Sair: fala-nos do museu que existia, mostra o processo final de retirada dos objectos do museu, os dispositivos de apresentação das peças e a memória do espaço na sua temporalidade e arquitectura específicas. Começar: a demolição do espaço antigo, a remoção das características espaciais, a geografia do museu reduzida a um grau zero territorial. Construir: a modelação zonal, o acidente na superfície, o espaço a fixar-se na sua forma definitiva; juntamente com o anterior, são os núcleos que correspondem a um maior arco temporal. Restaurar: um olhar sobre o processo de restauro de algumas peças da colecção e que acompanhou o tempo que decorreram as obras. Acabar: a fixação do espaço e das superfícies. A forma definitiva e os ensaios de visualização do que será o museu. Povoar: o fechar do ciclo, o regresso das obras ao museu, o preenchimento do espaço e a relação entre e com os objectos. A encenação, o isolamento e a suspensão como condições de visualização; o lugar da obra.

francisco feio, julho2009


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